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Os Modelos Conceptuais

Após a identificação das variáveis, prosseguiu-se para a criação dos Modelos Conceptuais, ou seja, a explicação dos processos que relacionam as variáveis. Os 18 participantes foram repartidos em 4 grupos heterogéneos com 3 a 5 pessoas que, durante cerca de 45 minutos, trabalharam na construção de um Mapa Conceptual. No total foram criados 5 Mapas Conceptuais, descritos de seguida:

Modelo conceptual criado por um grupo de 3 pessoas.

Neste Modelo Conceptual, os participantes tentam descrever o sistema actual. As variáveis ambientais mencionam a poluição e a necessidade de manter a qualidade ambiental. A nível socioeconómico são identificadas actividades existentes no sector industrial e recreativo. A dimensão ambiental condiciona as actividades socioeconómicas, que por sua vez apresentam impactos negativos (poluição). A dimensão regulamentar é definida por planos (POOC, PDM, PROTA) e uma directiva comunitária (RAMSAR), o que revela a necessidade de contemplar estratégias de desenvolvimento que reforcem a importância das Zonas Húmidas. Assim, a regulamentação é vista como um instrumento de salvaguarda das características ambientais e de organização das actividades económicas e culturais. Consequentemente, as características ambientais e a dinâmica socioeconómica estimulam a criação de instrumentos de regulamentação. A componente cultural é descrita por valores que já existem e por valores que devem ser fomentados. O envolvimento cultural da população com o ambiente é visto como potenciador da participação activa ao nível da regulamentação. Há uma relação bidireccional entre a dimensão cultural e ambiental, pois da mesma forma que os valores culturais condicionam questões ambientais, o próprio estado ecológico pode condicionar os valores culturais. Exemplo deste processo de retroacção é a história do Paul da Praia; a degradação deste sistema conduziu à desvalorização generalizada da zona, considerado durante muito tempo uma lixeira.

Modelo criado por 4 pessoas.

Neste Modelo Conceptual, os participantes começaram por definir cada dimensão como uma componente individual. Entre as componentes foram definidas áreas de cruzamento, em que o funcionamento de uma componente influencia outra. Esta interacção implica gestão integrada e consequente regulação. Este grupo considera essencial definir concretamente os pontos de sobreposição, ou seja, de usos comuns e conflituosos, para que a reflexão integrada seja direccionada e eficiente. A reflexão integrada deve ser operacionalizada através de espaços de comunicação entre as Instituições envolvidas e não através da criação de uma nova Instituição gestora. Cada componente foi caracterizada através da selecção de diversas variáveis. Na componente cultural foi focada a necessidade de fomentar a Educação Ambiental, o contacto com a Natureza, para que atitudes com impacto negativo, nomeadamente hidrofobia, repugnância das zonas húmidas e deposição ilegal de lixo, sejam eliminadas. Na componente ambiental, foram seleccionadas variáveis relativas a pressões (ruído, afluentes e alterações climáticas), necessidades (qualidade balnear e investigação a longo prazo) e potenciais económicos (aves). Na componente socioeconómica é mencionada a existência do Parque Industrial, a pesca e a possibilidade de alargamento do Porto Comercial, com impactos na zona húmida adjacente (Belo Jardim), bem como a criação de um laboratório pluridisciplinar direccionado para o estudo das Zonas Húmidas.

Modelo criado por 3 pessoas.

Nesta mesa, os participantes apresentaram um Modelo Conceptual de uma possibilidade para o Futuro, um cenário: a criação de uma Entidade Gestora das Zonas Húmidas. Esta empresa permitiria a criação de negócios com base nos valores da biodiversidade e a criação de um laboratório de estudos sobre Ecologia e Biodiversidade local. Estas acções teriam impacto na dimensão socioeconómica, através da criação de emprego (observação de aves, merchandising, turismo). Esta empresa teria também valor a nível cultural, com actividades de Educação Científica, Ambiental, Preservação da História e incentivo à prática de fotografia da Natureza. Prevê-se um processo bidireccional, pois a funcionalidade da empresa depende da aprovação das medidas desenvolvidas por parte da população. Para além das relações entre a entidade gestora e as componentes do sistema, o modelo mostra que a dimensão cultural pode ser influenciada directamente pelas condições ambientais e socioeconómicas.

Modelo criado por 3 pessoas.

Este modelo conceptual abrange a maior quantidade de variáveis. O modelo dá ênfase à importância da compreensão do funcionamento ecológico das Zonas Húmidas numa óptica de sustentabilidade. Assim, este modelo inclui variáveis que caracterizam a situação actual e outras que descrevem uma possível alternativa de Gestão. Para além da identificação de variáveis ecológicas que representam as zonas húmidas (ex: aves, insectos, nidificação, sucessões ecológicas) são identificadas variáveis ecológicas externas (alterações climáticas, orla costeira, e afluentes). A componente cultural inclui pressões (festas, caça e pesca), construção da paisagem (património edificado) e valores a fomentar (contacto com a Natureza, valorização ambiental, usufruto para Lazer, etc). Este grupo propõe uma Câmara de resolução de conflitos, que pressupõe um espaço de discussão e decisão conjunta entre as Instituições já existentes. A Educação Ambiental e Científica surge como estratégia para fomentar os valores identificados. A dimensão socioeconómica divide-se entre actividades que aproveitam as características ambientais e outras que poderão apresentar impactos negativos. Tendo tal factor em consideração, a responsabilidade e sustentabilidade são consideradas essenciais na Gestão destas áreas. Na dimensão regulamentar identifica-se ainda o Plano Regional da Água como regulador da qualidade dos efluentes e o PDM, que regula o Património edificado. 
Modelo criado por 4 pessoas.

Este mapa conceptual representa uma visão sobre a futura Gestão da zona em questão. O modelo centra-se na necessidade de responsabilidade a nível socioeconómico, aliada à utilização do conhecimento como valor cultural. Este facto é sublinhado pela relação entre a responsabilidade e o conhecimento que apresentam nas diferentes dimensões; geram qualidade e sustentabilidade ambiental, garantem emprego e sustentam actividades recreativas. Desta forma, o centro deste modelo é composto por estas características, mas são também identificadas relações directas entre as dimensões. O emprego depende das acções das entidades gestoras e reguladoras, mas depende também da promoção de actividades recreativas. A componente regulamentar tem implicações na dimensão ambiental e vice-versa, ou seja, as condições ambientais podem influenciar a dimensão regulamentar. A componente ambiental tem também uma relação directa com a dimensão cultural. Em suma, este modelo apresenta varáveis centrais e processos de retroacção entre componentes.
 
Entre os modelos
Comparando os modelos conceptuais criado verifica-se que as variáveis culturais mais frequentes são:
- Usufruto para lazer
- Festas e Festivais
- Educação ambiental
A nível ambiental destaca-se:
- Qualidade das Zonas Balneares
- Qualidade dos efluentes
Na dimensão socioeconomia as variáveis mais repetidas foram:
- Turismo
- Emprego
- Desportos náuticos
- Parque industrial

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